O terrível crime, cometido por um radical de extrema-direita, alarmou o mundo sobre os perigos do radicalismo político
No dia 22 de julho de 2011, um crime bárbaro chocou e estremeceu as bases da sociedade norueguesa. Um militante de extrema-direita, Anders Behring Breivik, praticou um crime imperdoável e acendeu o debate sobre extremismo político e lavagem cerebral.
Anders é descrito pela polícia e justiça norueguesa como um radical extremista cristão ligado à nova direita europeia. Ele era um defensor ferrenho do estado de Israel e adepto da teoria de Guerra Cultural, ideia segundo a qual estamos vivendo um conflito cultural entre esquerda e direita, no qual a esquerda pede o fim da família e das tradições. Autointitulado como conservador pelos costumes e família, Anders passou dois anos de sua vida preparando o que seria o maior atentado terrorista da história da Noruega.
O bandido abriu um pequeno comércio agropecuário em Oslo e, por meio dessa empresa, teve acesso à fertilizantes e outros produtos químicos usados posteriormente para fazer bombas.
Em julho de 2011, Anders preparou o terrível crime que cometeria. Embora a justiça acredite que tenham existido cúmplices, ele assumiu tudo sozinho.
No início da manhã daquele 22 de julho, Anders publicou em suas redes sociais um texto baseado na publicação radical “2083 – Uma declaração europeia de independência”, uma espécie de manifesto da extrema direita europeia. Também compôs os escritos com colocações típicas da extrema direita radical, mostrando um conservadorismo cultural distorcido, radical, ultranacionalismo, islamofobia, homofobia, racismo, antifeminismo e ódio conta a esquerda e todas as suas pautas.
Colocando seu plano em prática, deixou um carro-bomba que explodiu na frente do prédio governamental onde se alocava o gabinete do Primeiro Ministro norueguês. A forte explosão foi sentida em pelo menos 10 quarteirões. Todos os andares foram danificados. Mas o pior crime ocorreu em Utøya, uma ilha onde filhos de membros do Partido Trabalhista Norueguês, considerado de esquerda no país, participavam de um curso de formação política nas férias. Anders, vestido de policial, conseguiu acesso à Ilha e, armado até os dentes, passou a caçar e atirar em centenas de jovens. A ilha, naquele momento, hospedava cerca de 600 jovens, muitos deles filhos de políticos que governavam o país. No fim do dia, cerca de 68 pessoas foram mortas a sangue frio, houve mais 9 vítimas fatais no centro de Oslo, local onde explodiu o prédio.
Anders foi preso e seu julgamento virou uma espécie de programa de TV. O bandido sorria para as câmeras, dizia que o que fez foi uma missão e que faria novamente. Alguns líderes de extrema direita foram chamados para depor. A maior parte deles negou ter incentivado o assassino a cometer os crimes, disseram que se tratava apenas de retórica e ideologia.
Anders se colocou como alguém inocente no tribunal, pois achava que estava fazendo um bem ao mundo ao cometer todos aqueles crimes. Tanto que ele brigou com o próprio advogado, pois queria que todos soubessem que ele estava sóbrio e em pleno gozo de suas faculdades mentais, já que se fosse considerado um psicótico o recado que quis passar poderia se perder.
Ao fim do julgamento e ouvindo a sentença gargalhando de felicidade e deboche, Anders foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado, com possiblidade de prorrogação para mais cinco anos. Esse tempo é a pena máxima que o Código Penal Norueguês permite.
O atentado acendeu a discussão sobre radicalismo político e polarização e sobre os limites dos discursos de ódio adotados pela extrema-direita mundial.
Referências:
https://www.thesun.co.uk/news/2577646/anders-behring-breivik-2011-norway-attacks-oslo-utoya/
https://www.bbc.com/news/world-europe-33571929