Esterelizações, eutanásias, câmaras de gás e cerca de 300 mil pessoas mortas: conheça a macabra história do projeto “Aktion T4” na Alemanha Nazista pré Segunda Guerra
A operação matou cerca de 300 mil crianças com deficiência, esquizofrênicos, idosos, epilépticos e pessoas com Síndrome de Down. O evento, pouco conhecido, é considerado o ensaio do holocausto.
É de conhecimento geral que o nazismo matou mais de seis milhões de pessoas em seus campos de concentração, sendo a maior parte desse número composta por judeus. Nem todos, porém, conhecem a história do projeto “Aktion T4”, que dizimou a vida de 300 mil pessoas doentes ou portadoras de deficiências.
Implantado em outubro de 1939, em seis localidades diferentes do território alemão ou de países do Leste Europeu, o projeto foi um teste para o Holocausto e, inicialmente, tinha o objetivo de eliminar recém-nascidos e crianças de até 3 anos, que, segundo eles, tinham uma “vida que não merecia ser vivida”. Posteriormente, se estendeu para crianças maiores, adultos e idosos.
As autoridades sanitárias deveriam ser notificadas sobre todas as pessoas portadoras de esquizofrenia, epilepsia, desordens senis, paralisias que não respondiam a tratamento, sífilis, retardos mentais, encefalite, doença de Huntington, Síndrome de Down e outras patologias neurológicas. A pretexto de fornecer tratamento, esses pacientes eram levados para seis clínicas psiquiátricas que, na verdade, funcionavam como campos de extermínio e expeliam gás letal de seus chuveiros.
O programa que ficou conhecido como “eutanásia nazista”, oficialmente, durou de outubro de 1939 a abril de 1941, no entanto, a prática de extermínio de pessoas com deficiências seguiu firme até 1945, havendo momentos em que os pacientes eram deixados para morrer de fome ou de overdose de medicamentos.
Antes desse projeto, uma outra ação que marcou a tentativa de exterminar pessoas com necessidades especiais foi a esterilização daqueles que eram considerados portadores de “genes defeituosos”. A aprovação da “Lei para a prevenção de descendentes hereditariamente doentes”, em 1933, promoveu a esterilização à força de cerca de 360 mil pessoas.
Tanto a esterilização quanto a suposta eutanásia ocorriam com o objetivo de eliminar todos aqueles que não se encaixavam no padrão pré-estabelecido pelos nazistas. Sob a alegação de que estavam praticando eutanásia como um ato misericordioso para livrar essas pessoas do mal que sofriam, os responsáveis pelo projeto cada vez mais iam aumentando o número de pessoas que julgavam “indesejáveis”. Assim, crianças órfãs, adolescentes com dificuldades emocionais, jovens que se recusavam a fazer parte da Juventude Hitleristas, eram declarados mentalmente incapazes e passavam a fazer parte do programa.
De forma muito tímida, lideranças religiosas começaram a se manifestar contra o projeto, o Vaticano emitiu um pronunciamento afirmando ser inaceitável o assassinato de inocentes por defeitos físicos ou mentais, mas o governo nazista seguiu justificando a prática com o argumento de que estava aliviando o sofrimento dos doentes mentais e aliviando os gastos do Estado com o tratamento de pessoas incapazes.
O projeto só foi efetivamente encerrado com o fim da Segunda Guerra. Karl Brandt, um dos idealizadores do programa, foi executado na forca em 1948. Philipp Bouhler, o outro responsável pelo projeto, se enforcou em 1945, logo depois de ser capturado pelos soldados americanos.
Todas as atrocidades cometidas pelo Aktion T4 só vieram totalmente a público a partir de 1990, quando foram abertos os arquivos da Alemanha Oriental.
Ainda hoje, familiares das vítimas desse extermínio surpreendem-se ao descobrir que seus descendentes foram assassinados por serem portadores de problemas físicos ou mentais e questionam o uso do termo eutanásia, já que o objetivo ali não era aliviar o sofrimento de alguém que estava à beira da morte, era simplesmente matar qualquer um que não se encaixasse no padrão estabelecido pelo regime.
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Referências:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-38777464
https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/euthanasia-program