A moléstia ceifou centenas de milhões de vidas e mudou para sempre a trajetória do homem
Considerada uma das mais letais pandemias que já assolou a humanidade, a peste negra dizimou um terço da população europeia entre os anos de 1347 e 1351. Embora haja divergências quanto ao número de mortos, estima-se que tenham morrido cerca de 25 milhões de pessoas. Também conhecida como peste bubônica, a doença tomou proporções avassaladoras e espalhou medo e morte por toda a Europa. Conforme os historiadores, ela teria se originado na China ou Ásia Central e foi causada pela bactéria Yersina pestis. Há duas versões para a sua chegada à Europa. A mais conhecida e aceita diz que a bactéria viajou alojada no intestino de pulgas que parasitavam os ratos e eram muito comuns nos porões das embarcações. Desse modo, a epidemia teria se espalhado com a chegada desses navios aos portos, infectando um número alarmante de pessoas. Uma outra versão diz que soldados turcos teriam usado catapultas para lançar cadáveres infectados dentro de um entreposto comercial na Crimeia e, a partir daí, ela teria se espalhado para outras localidades.
A disseminação foi tão intensa, que houve momentos em que não havia mais pessoas para enterrar os mortos, gerando um cenário de pânico e caos por toda a Europa e produzindo muitas teorias para explicar o que estava acontecendo. Diversas pessoas diziam que ela teria surgido como uma forma de purgar os pecados humanos, eliminando a heresia, a blasfêmia e a luxúria.
Os doentes manifestavam os seguintes sintomas: febre muito alta, vômitos, náuseas, tosse com sangue, dor de cabeça, cansaço extremo, calafrios e convulsão. Além disso, a morte era bem rápida e o contágio se espalhava de modo desenfreado.
Em 1348, a Faculdade de Paris divulgou uma série de medidas profiláticas para ajudar no combate à peste, dentre elas, a fumigação dos domicílios com incenso de flores de camomila, uma alteração na alimentação, excluindo galinha, carnes gordas e azeite, todos deveriam dormir antes da aurora, os banhos eram considerados perigosos e as relações sexuais, fatais. Foi implantado um regime de quarentena e a população saudável passou a sair de casa apenas em casos de extrema urgência.
A situação só foi melhorando a partir do momento em que começaram a ser tomadas medidas de saúde pública, os corpos passaram a ser cremados e houve melhoras na higiene. Com a implementação de saneamento básico, tratamento das águas e limpeza adequada das cidades, a propagação da doença foi diminuindo e, lentamente, a Europa foi se reerguendo. As suas consequências, no entanto, alteraram a história europeia, impactando na religião, economia e condições sociais da época.
Estudos recentes mostram que a variedade da Yersina pestis que assolou a Idade Média foi completamente extinta, mas ela ainda pode se manifestar através de uma bactéria semelhante, fazendo com que a doença ainda seja endêmica em locais como Peru, Madagascar e Congo. Além disso, um estudo recente feito por arqueólogos e cientistas forenses a partir de 25 esqueletos descobertos na área de Clerkenwell, em Londres, afirma que a pandemia deve ter se espalhado pelo ar, só assim ela teria condições de se disseminar tão rapidamente e ter um efeito tão letal. Desse modo, a peste negra seria uma peste pneumônica em vez de bubônica, como é conhecida, e teria se espalhado de humano para humano, através da tosse e espirro.
Apesar das divergências sobre o número de mortos, origem e propagação da doença, todos os estudos sobre o tema deixam claro o quanto ela foi devastadora e mudou radicalmente a vida daqueles que a enfrentaram.
Referências:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext…
https://revistapesquisa.fapesp.br/…/por-que-a-peste-e…/
https://drauziovarella.uol.com.br/…/a-peste-negra-artigo/
https://www.nationalgeographicbrasil.com/…/descoberta…
https://oglobo.globo.com/…/cientistas-garantem-que…
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/…/historia-peste…